Vamos (Re)Ver a Arte Cristã |
Lisboa, 6 de Maio de 2016: Iniciativa do Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja junta duas centenas de participantes na Igreja da Madre de Deus. Numa iniciativa que pretende valorizar e fomentar uma das mais fascinantes valências do património religioso do país, o Secretariado Nacional Bens Culturais da Igreja (SNBCI) promoveu ontem, na igreja da Madre de Deus, em Lisboa, a primeira edição da iniciativa (Re)Ver a Arte Cristã. Com o objetivo de proporcionar visitas ao património, procura dar a conhecer, não só as informações artísticas das obras expostas nos espaços, como também a sua mensagem catequética e a importância das mesmas para a Arte e a Religião. Cerca de 200 pessoas aceitaram o desafio de conhecerem um pouco melhor a igreja da Madre de Deus, integrada no Museu Nacional do Azulejo. A visita guiada esteve a cargo dos historiadores Alexandre Nobre Pais, que incidiu na azulejaria da Igreja, Nuno Saldanha, que descodificou as mensagens nos vários quadros da vida da Virgem Maria, S. Francisco de Assis e Santa Clara de Assis, e Sílvia Ferreira, que orientou os visitantes pela história da talha dourada que predomina no espaço da igreja do antigo convento, de origens quinhentistas, marcada por um rico e diversificado programa artístico. A ocasião foi ainda aproveitada para o lançamento da obra Estudos de Iconografia Cristã, da autoria de D. Carlos Azevedo, delegado do Pontifício Conselho para a Cultura, com apresentação a cargo de António Filipe Pimentel, director do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) e autor do prefácio da obra. Editado pela Fundação Manuel Leão - cujo presidente afirmou, numa mensagem que fez ler na apresentação, ser "uma nova pedra para dar expressão ao edifício renovado da historiografia artística portuguesa" - junta estudos que o bispo português realizou ao longo dos últimos 20 anos, agora reunidos e homogeneizados "com uma avaliação crítica e uma coerência que fazem deste livro um exemplo para os trabalhos das áreas científicas", conforme explicou António Pimentel, durante a sua apresentação. O director do MNAA ainda elogiou a figura deste "cientista completo, que conhece a história religiosa e a forma como ela deve ser lida e entendida ao longo da sua própria história". Falando ainda do autor, considerou-o uma "figura angular, que funde as duas formações, a de cientista e investigador e a de teólogo, fazendo com que a sua atracção pelo campo da história da arte tenha sido cultivada com o rigor da teologia". D. Carlos Azevedo agradeceu a presença de tantos "amigos". Começando por dizer que a "compreensão do fenómeno artístico é sempre provisória, porque a realidade se esvai" com os vários acontecimentos da história que a vão alterando, o prelado disse ainda aos presentes que é um apaixonado pela "finalidade comunicativa e poéticas das imagens, fenómenos visuais vivos que operam na história". Rematou considerando que "se este livro for sopro de beleza nas tribulações do mundo, Deus seja louvado", o que originou um largo momento de aplausos. Ricardo Perna |